domingo, 2 de julho de 2006
Porque o Brasil não é o país do futebol
Dizem que o Brasil é o país do futebol. Discordo e explico: gosto de futebol, torço pelo meu time, mas não vou à estádios nem compro merchandising. Conheço várias pessoas que, como eu, simplesmente não se interessam em acompanhar o futebol nacional. O país tem torcedores de sobra, então qual o problema?
O problema é o jeito amador de conduzir o futebol brasileiro. Mais uma vez o país desperdiça chances de ver crescer um espetáculo alegre e lucrativo. O brasileiro vai menos aos estádios que os norte-americanos! E lá futebol nem é chamado de football, mas sim de: soccer.
Neste campeonato nacional a média de público brasileiro foi de 13 mil pessoas por jogo, contra 15 mil nos EUA e muito longe dos 33 mil da Inglaterra. Isso sem contar com o campeonato espanhol ou italiano, estes sim os campeões de público.
As receitas geradas pelos clubes são ainda piores. A grande maioria está falida - e sem patrocínio. Então, se uma imagem vale mais que mil palavras, alguns números devem valer pelo menos este artigo: O São Paulo - de longe o time mais profissionalizado do país - gerou receitas de R$ 83 milhões no ano passado. Muitíssimo longe do Arsenal, que gerou mais de R$ 485 milhões e uma eternidade do Barcelona, com R$ 590 milhões. Isso tudo sem contar com receitas oriundas de marketing.
Este é o retrato do "país do futebol": um campeonato inexpressivo (são vários na verdade); times falidos; jogos com pouco público e nenhuma esperança de mudança à longo prazo. Na verdade o Brasil se tornou um mero fornecedor de matéria-prima, e é daí que os clubes tiram seu sustento.
O torcedor brasileiro precisa se contentar com jogadores de "segunda categoria" (generalizando claro), ou quase-ex-jogadores que os mercados mais competitivos não comportam. Os times não conseguem vender uma imagem de marca, não conseguem criar outras receitas. A maioria do público - que não pode pagar uma TV por assinatura - nem vê seus melhores atletas jogando. E por isso não se identificam mais com eles.
Não precisa ser comentarista de futebol pra afirmar que esse modelo não dá certo. Também não precisa ser economista pra saber que matéria-prima não tem valor agregado nenhum. Por isso digo que os verdadeiros donos da bola são: Espanha, Itália e Inglaterra. Enquantos ficamos com o hexa, eles ficam com os jogadores, o dinheiro e todo o espetáculo.
P_G
P.S. -> Este post havia sido escrito antes da derrota do Brasil frente a França. Preferi não alterar em nada o conteúdo original do artigo, apenas acrescentei a foto da estátua de ronaldo que foi queimada ontem.
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