terça-feira, 5 de junho de 2012

A vista ou a prazo, tanto faz

Não sou economista, mas me preocupo com o preço das coisas. Mesmo aquelas que eu não compro.

Se o preço da banana ou do aço oscila. Eu me interesso da mesma forma.


Tenho 32 anos, portanto tinha 14 quando o plano real foi criado. E não tenho lembranças sólidas de como era o tempo da inflação. Mas sei que era ruim.

Minha primeira mesada (semanada na verdade) foi em reais e gastei tudo na locadora de games mais próxima.

O preço das coisas sofrem interferências constantes. Seja pela "lei" da oferta e demana, seja pela lei da canetada ou da especulação. E o resultado disso, a inflação (ou deflação), é o retrato econômico de um país.

O preço das coisas afeta diretamente a vida das pessoas. A banana cara pode não fazer falta por 1 dia, mas viver sem poder comprar nenhuma banana é inconcebível. Quando um produto aumenta, mesmo que não afete o preço de outras coisas, afeta a percepção que as pessoas tem sobre o ciclo econômico. Afinal, se a banana aumentou, mas meu salário não então posso concluir que estou ficando mais pobre.

Vivemos num país onde tudo é caro. Depois de anos de hiperinflação, achamos normal certas bizarrices econômicas, como:
  1. Contratos indexados
  2. Juros e impostos altíssimos
  3. Excesso de descontos 
O terceiro item é o mais emblemático da nossa cultura inflacionária. O sobrepreço - e consequentemente pedir por descontos - é tão natural pra nós que estranhamos (e reclamamos) quando não existem. Claro que o isso atinge muito mais o valor* do que o preço.

O problema é que se algum produto é sobreprecificado para ser vendido com desconto mais tarde, seu preço futuro provavelmente já está decidido. E isso, meus amigos, é a velha e boa indexação.

A inflação está nos descontos, diria Ludwig Mies van der Rohe se fosse brasileiro.

*Note que em momento algum estou me referindo ao VALOR das coisas. Preço e valor são coisas diferentes.